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Foto do escritorMila Maia

BEOGA e o "Trad fora da caixa"

Atualizado: 30 de ago. de 2021



Beoga é uma daquelas bandas que chamam atenção de qualquer pessoa que escuta pela primeira vez, não importa qual a referência ou conhecimento no estilo. A interessante mistura de instrumentos tradicionais, brilhantemente tocados com toda a linguagem necessária, e ritmos completamente não-tradicionais é o que nos faz parar por um momento e nos perguntarmos “O que é isso que está tocando??” - Essa é uma pergunta constante desde que Ed Sheeran e Beoga lançaram a canção "Galway Girl", por exemplo.

Hoje considerada uma banda moderna e com famosas colaborações no mundo da música pop (como Ed Sheeran, Ryan McMullan e Lissie), Beoga vem trazendo uma nova face à cultura trad e mostrando que não precisa ser necessariamente um estilo seletivo e “intocado”, podendo ser escutado mesmo nas rádios pop do mundo inteiro e fazendo com que pessoas que nunca escutaram nada de música irlandesa tenham um mínimo de curiosidade sobre aquela sonoridade tão única.



A banda se formou em 2002 pelos músicos Damian Knee (box), Eamon Murray (bodhrán), Seán Og Graham (violão, box e muitos outros instrumentos) e Liam Bradley (piano), enquanto tocavam como quarteto acompanhando competições de dança irlandesa como o famoso Fleadh. Os quatro queriam sair do tradicional e tentar coisas completamente diferentes, e assim, dois anos depois gravaram o primeiro álbum A Lovely Madness, cheio de experimentações nada convencionais, misturando jazz, pop, polkas, reels, valsas e etc. Foi em 2005 que a atual vocalista e violinista Niamh Dunne se juntou à banda, também trazendo toda sua jovialidade e experiência vindo de uma família de músicos tradicionais de Limerick.



Niamh Dunne, fiddler e vocalista da Beoga

Claro que quase 20 anos depois, a banda acabou mudando sua sonoridade pouco a pouco e também maturando a ideia do que é moderno e tradicional. Uma vez, li que atualmente eles buscam criar melodias simples e de fácil acesso - nossa famosa “música chiclete” (o que é muito curioso, porque normalmente em bandas instrumentais modernas, a tendência é querer buscar o mais “rebuscado” e “experimental”). Mas isso não significa algo ruim ou musicalmente pobre. As tunes mais tradicionais e antigas são justamente “músicas chiclete”, e que nem sempre são fáceis de tocar e compor. Eles acreditam que a simplicidade pode acolher muita gente e trazer desafios musicais e criativos para a banda. Eu tive a oportunidade de assistí-los na famosa casa de shows Roisín Dubh, em Galway, e no final do show disse à Eamon Murray que minha banda no Brasil havia feito uma versão cover da música Amsterdam Blues. Ele, muito simpático e sorridente, achou super legal e disse “Nossa! Mas nem nós sabemos mais tocar essa música… era muito complicada de tocar!”. E de repente fez todo o sentido o que eu tinha lido sobre a banda buscar ser “simples” porém “moderna” nos últimos anos.


Eu recomendo demais conhecer o trabalho do Beoga. Particularmente, o álbum de 2016 Before We Change Our Mind, que é sensacional e traz muito do tradicional de uma forma muito viva e fresca. E para quem tiver a oportunidade de ir a um show deles - se prepare para dançar e sair de lá cheio de adrenalina.



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