Na primeira competição da qual eu participei na Irlanda cometi uma gafe terrível. Mal falava inglês, mas descobri onde haveria uma competição de dança irlandesa em um final de semana de algum mês do ano de 2003.
Após economizar dinheiro por vários meses, consegui comprar um vestido de dança irlandesa, muito antigo, que havia sido de várias dançarinas da minha escola antes de mim. Saí de casa cedo naquele domingo, com medo de me perder. Parti com quase 4 horas de antecedência, e claro, me perdi, mas cheguei ao local da competição.
Me inscrevi para competir as danças que sabia, mas somente após comprovar minha idade mostrando o RG (eu tinha 22-23 anos e a moça pensou que eu tivesse 16, achou que eu estivesse trapaceando, querendo me inscrever em uma categoria que não era a minha), recebi meu número, me troquei empolgada e me senti linda usando aquele vestido e as meias novas devidamente coladas nas minhas pernas. (Sim, colamos as meias para elas não escorregarem para baixo).
Chegou minha vez. Subi ao palco achando muito estranho aquele jeito de competir, dançando com outras meninas, que muitas vezes dançavam passos diferentes dos meus, mas no final deu tudo certo, me apresentei bem, desci do palco e me troquei esperando os resultados, assim como fazemos em competições de dança no Brasil.
Quando deram os resultados, chamaram o meu número, fiquei tão surpresa e tão feliz!!!! Eu estaria no pódio, em todas as danças que apresentei, ah que emoção…
Quando então fui subir para pegar os meus prêmios, a organizadora do evento, segurando meu troféu, me olhou com uma cara muito brava e de reprovação. Eu não entendi nada. Então ela me disse: “Você deveria estar usando o seu figurino. Da próxima vez eu não vou te dar o prêmio”. Já em cima do palco, eu fiquei muito constrangida, disse que não sabia e pedi desculpas. Ela continuou com cara de maus amigos, percebi que minha desinformação cultural havia sido uma real afronta, mas fazer o quê? Já tinha sido, então só aprendi minha lição, peguei meus troféus e fui ser feliz, me orgulhando muito de mim.
Voltei para casa, tirei fotos e dormi sorrindo porque a braveza dela não conseguiu tirar a minha alegria naquele dia tão especial.
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