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Introdução à Música Celta

Olá queridos leitores, hoje nós vamos começar esta série de textos super legais chamados Introdução à Música Celta. Trata-se de uma série escrita pelo músico Kevin Shortall, que também é tesoureiro da Comhaltas Brasil e que possui uma excelente pesquisa e vivência sobre o tema.

Os textos vão falar sobre história da Irlanda desde a época medieval até agora, a grande fome, a época do domínio britânico, a independência, a diáspora irlandesa e como isso influenciou para que hoje uma considerável parte do mundo conheça essa música, enfim, só tem coisa interessante e bem embasada lá!

Hoje a gente começa com uma pequena introdução para vocês sentirem o gostinho da coisa. Espero que gostem tanto quanto eu.

Paula Camacho


Introdução

A Irlanda é o único país a ter um instrumento musical, a harpa, como símbolo nacional. Alguns dos registros históricos mais antigos da Irlanda falam sobre uma cultura musical prevalecente desde a antiguidade, na qual o músico era uma parte importante da estrutura social. O bardo viajante medieval irlandês passava por um treinamento intensivo de 14 anos, e, além de música, ele era treinado também em jurisprudência, genealogia e história, além de ser automaticamente considerado membro da nobreza. Mesmo com a conquista definitiva da Irlanda pela coroa inglesa em 1600, e a dura repressão à cultura gaélica que se sucedeu, o país continuou tendo a música entranhada em sua tessitura social até o tempo presente. A emigração em massa de irlandeses que se principiou em 1600, se acentuou durante a Grande Fome de 1845-1849, e durou até a década de 1980, levou a música irlandesa para os mais distantes países, como os EUA, Canadá, Austrália e Inglaterra, onde passou a coexistir com outras linguagens musicais já existentes nestes países, e em alguns casos influenciou fortemente novas linguagens musicais nascentes, como o bluegrass. Prova desta disseminação é a efusão de bandas de música tradicional irlandesa não só em seu país de origem, mas em todo mundo, inclusive no Brasil. Igualmente, entusiastas em todo o mundo promovem sessions, encontros informais de música irlandesa, em bares e pubs globo afora. A música irlandesa se faz presente também na televisão e em filmes, como Titanic, Coração Valente e Sherlock Holmes. A internet possibilita, hoje, que qualquer um possa se informar e se tornar um praticante desta linguagem musical ancestral.

Para entender melhor a música e a história da Irlanda, entretanto, é importante que estejamos facilitados com alguns conceitos-chave relacionados ao país e à música:


Identidade gaélica: a identidade cultural irlandesa se relaciona de forma complexa com a língua irlandesa, também conhecida como gaélico. Originalmente o gaélico era falado por todos na ilha da Irlanda e em boa parte da Escócia. Com a invasão inglesa, o gaélico entrou em declínio em ambos os países, sendo usado como primeira língua hoje em dia por apenas 5-10% da população irlandesa, e 1% da população escocesa. O modo de vida prevalecente na antiga ordem social antes da invasão inglesa é frequentemente referido como sendo gaélico, e o termo é usado frequentemente em referência a tradições irlandesas “nativas”, em oposição a tradições inglesas. Para tornar a questão ainda mais confusa, o termo também é usado às vezes na literatura romântica para contrapor os descendentes dos irlandeses nativos de descendentes de outros povos que vieram à ilha.


Música irlandesa: na verdade, existem diversas tradições musicais irlandesas, todas comunicando-se ativamente, muitas vezes tornando difícil distinguir os limites entre elas. Algumas das mais importantes são: a música de dança, tocada originalmente puramente para danças rurais e comunais, em ritmos como o reel, o jig, e o hornpipe; o canto sean nós, normalmente feito a capella, e em gaélico; e as canções anglo-irlandesas, incorporando melodias irlandesas a letras em inglês, e compostas por irlandeses que eram falantes nativos de inglês. Outros estilos importantes são os slow airs, melodias lentas que frequentemente derivam do repertório de canções sean nós, mas tocadas instrumentalmente; e a antiga e extinta tradição dos harpistas viajantes, com repertório próprio que teve grande importância na sociedade gaélica medieval.


Aqui neste vídeo, foi filmada uma irish session. Não é comum que as sessions sejam microfonadas mas neste caso isso ocorreu para que o som do vídeo ficasse melhor. Creio eu. Nele podemos ver alguns dos exemplos dados sobre os estilos de música irlandesa pois já a primeira tune é um jig e ao longo dele podemos acompanhar outros destes exemplos.

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