Em clima de Rock In Rio, que esse ano conta com uma das mais influentes bandas de Irish rock do Brasil (a queridíssima Terra Celta), venho por meio deste sugerir para vocês esse som maravilhoso da Treacherous Orchestra.
Trata-se de um projeto do gaiteiro e flautista Ross Ainslie, um nome de peso entre a vanguarda jovem da música celta moderna. Escocês, ele traz, além da sonoridade retumbante da sua Great Highland Bagpipe (famosa gaita de foles escocesa), um estilo de tocar tin whistle bem característico da cena trad do norte – lembra um pouco o estilo de Ali Levak, do Project Smok, mas eu diria que mais plugado, mais encorpado, talvez mais épico! São flautistas que me parecem ter bebido muito da fonte de flautistas inovadores como Brian Finnegan e Michael McGoldrick. A banda apresenta uma abundância de composições originais regadas numa infusão de guitarras elétricas e baterias pesadas que faz jus à retumbância dançante da música escocesa. As melodias de Ainslie são belíssimas e, aviso, ficam na cabeça e pedem para ser reproduzidas na primeira oportunidade – como são, claro, as melhores tunes que escutamos por aí. Recentemente mesmo, a Terra Celta lançou uma versão lindíssima de Sujeito de Sorte, do Belchior, que aproveita o ensejo da fusão com o trad para complementar o single com uma tune lindíssima de Ainslie, chamada Easter Island.
Aliás, falando em Terra Celta – eu juro para vocês, meus amigos, às vezes tenho a impressão de que foi a Treacherous Orchestra que se inspirou no conjunto londrinense. Sem dúvida alguma, são grandes mentes que pensam em uma consonância maravilhosa e enriquecem as possibilidades criativas da música celta moderna. Parem um pouco a correria do dia – e aproveitem a fervura desta terça feira para curtir essa fritação sem igual que é a versão de Superfly:
Depois não sabem porque metaleiro gosta tanto de música celta. Mas vamos dar um nome melhor para este desdobramento do trad, para não ficar chamando tudo de “música celta”, que, como já vimos, não significa muita coisa. Élcio Oliveira, frontman da Terra Celta, nos brindou com um artigo sensacional sobre o gênero que ficou conhecido como “Acid Croft” – um “acid house” que florece tradições musicais irlando-escocesas.
Com uma formação portentosa, Treacherous Orchestra é quase um bate-cabeça instantâneo, que te envolve e te absorve como poucas bandas desta competência.
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