Todo mundo conhece alguém que quando era menor era diferentão, brega, meio feio ou gordinho e que sempre foi vítima de bullying mas depois deu a volta por cima e hoje é o bonitão inteligente e bem sucedido que todo mundo acha interessante. Pois é, a música irlandesa tem um caso desses, é o Bodhrán!
Tudo bem que neste caso até fazia sentido não gostarem dele, ninguém quer um sem noção na session batendo fora do ritmo num tambor barulhento e com som de lata, mas depois que gente como Sean O’Riada (Ceoltóirí Chualann - 60’s), Paddy Moloney (The Chieftains - 60’s) e Donal Lunny (Bothy Band - 70’s) acharam jeito de ir enturmando o rejeitado e do makeover de profissionais como: Johnny ‘Ringo’ McDonagh (De Dannan e mais quase todo o mundo), Kevin Conneff (The Chieftains), Tommy Hayes (Stockton’s Wing, Altan, Riverdance e mais quase todo o mundo), John Joe Kelly (Flook), Ronán Ó Snódaigh (Kila), para citar só alguns; e dos construtores Seamus O’Kane e Christian Hedwitschak; (ufa! que makeover!) o cara voltou com tudo, mostrando que é sim um instrumento musical digno de respeito!
Mas quem é esse cara?
O mais vulgar de todos, o tipo de tambor mais comum do mundo (entre as culturas, eu digo), um pandeiro. Uma pele esticada sobre um aro. Uma peneira que virou um batuque. (Se vocês não sabem, percussionistas batucam em absolutamente QUALQUER coisa).
Mas o que ele tem de diferente?
A pele?
- Maioritariamente de cabra como 95% dos seus irmãos pandeiros pelo mundo.
O aro?
- Também nada de muito original aqui, madeira, a que há disponível, de preferência uma que se aguente redonda para não estragar tudo.
O tamanho?
- Não iria por aqui, são dimensões bem comuns, de 35 a 50 cm de diâmetro.
Platinelas?
- Já teve, agora não tem mais, mas também não é o que faz a diferença.
Então é o quê?
O jeitinho, o ziriguidum, o samba no pé! (Jig no caso)
Os irlandeses resolveram usar uma baqueta e de um jeito que mais ninguém imaginaria!
Não atacam diretamente, como um tambor normal, nem raspam, como um reco-reco, mas fazem algo entre as duas coisas. Um ataque oblíquo. Coisa fina! E ainda por cima usam os dois lados da baqueta. Fazem com uma mão só o que o resto dos percussionistas precisam das duas para fazer! Dá para usar a outra mão para beber um pint (ou ler O Pint Diário).
Acharam que ficaria só por aqui? Essa mão livre faz dele ainda mais único e interessante: fica dentro do tambor e faz variar o som de acordo com a posição, criando timbres diferentes e até notas! Que gênios!!!
Um misto de surdo, pandeiro, tabla e talking drum em um instrumento só.
Por falar em surdo, é daí que vem o nome: Bodhar significa surdo em irlandês.
E nada de falar bôdrã! Vamos aprender!
Há algumas diferenças dependendo do sotaque, mas para facilitar: Bóuran. O ‘D’ some e o ‘R’ é enrolado, tipo caipira. Fácil!
Agora que já estamos todos apaixonados por esse cara e a turma com quem ele anda, "bora" fazer parte dela também! Siga O Pint Diário que ainda tem muito o que descobrir!
Kommentare