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ANUNCIADA 5ª IRISH SESSION NACIONAL BRASILEIRA

Atualizado: 21 de abr. de 2023




Foram anunciadas data e local da 5ª Irish Session Nacional Brasileira – um evento gratuito em que músicos de todo o Brasil reúnem-se no mesmo pub para tocar música tradicional irlandesa e confraternizar em torno dessa paixão em comum. Em 2022, a Session vai acontecer no dia 10 de dezembro, no Deep Bar 611. O horário ainda será confirmado, e o Pint Diário continuará a trazer essa e outras novidades tão logo elas forem definidas. Todos os instrumentistas que tocam música irlandesa são convidados a juntar-se a esta grã-roda de música, que, desde sua primeira ocorrência em 2016, deixa lembranças de experiências absolutamente memoráveis a todos que tiveram a oportunidade de presenciar ou, mais ainda, juntar-se.


A data e local são anunciados com antecedência (a fim de permitir tempo de organização, acomodação e compra de passagens por todos) por Kevin Shortall, membro da Comhaltas Brasil que neste ano tomou a dianteira para organizar o evento, ao lado de Bárbara Gonçalves (atual hostess das sessions do Deep Bar), d'O Pint Diário e de membros de uma comunidade online que preferiram permanecer anônimos. Desde 2016, a Session Nacional, ou Session Brasil como também é comumente referida, tem sido organizada por músicos do Rio de Janeiro e São Paulo.


Para ficar por dentro das atualizações e informações sobre esse evento, siga O Pint Diário e acompanhe o evento no Facebook:





O QUE É UMA IRISH SESSION

Em linhas gerais uma Irish session é uma roda de músicos que se reúnem para tocar música tradicional irlandesa. Como se fosse uma roda de choro, uma roda de pagode, uma jam de jazz – mas cada um desses estilos musicais é um “idioma” específico que os músicos vão lá para conversar, e o trad irlandês é seu próprio idioma. Aliás, ao contrário do que muitos podem pensar, a música tradicional irlandesa é um gênero musical bastante moderno, que, tendo raízes tradicionais sólidas vindo principalmente do século XIX, continua em constante desenvolvimento estético, e propaga-se cada vez mais pelo mundo.


O Pint Diário tem, já, dois artigos dedicados especificamente para o assunto: "O Motivo De Estarmos Aqui" e "Como Começar Uma Session: Um Guia Rápido E Objetivo". Recomendamos a leitura para quem quer entender bem essa manifestação cultural maravilhosa – e, inclusive, para quem quer começar a tocar junto. Recomendamos também os artigos da nossa série "Crônicas De Session", que trazem relatos diversos de ocorridos em sessions frequentadas pelos nossos editores e colaboradores.


Session realizada em São Paulo, com participação de membros das bandas Terra Celta e O Bardo E O Banjo.



ORIGENS


Primeira Session Nacional Brasileira, em 2016, no Ye Olde Pub, em São Paulo.

A idéia da primeira Session Nacional, que ocorreu em dezembro de 2016, foi do gaiteiro Alex Navar, presidente da Comhaltas Brasil. Organizada no finado Ye Olde Pub, bar inglês na rua Augusta (São Paulo), ela reuniu cerca de 20 músicos de São Paulo, Rio de Janeiro e Londrina, incluindo figuras de projeção como Élcio Oliveira (fiddler e vocalista da Terra Celta), Mila Maia (flautista da Oran e idealizadora d’O Pint Diário) Ivan Cavalheiro e Cláudio Crow (bodhrán e violão/voz na Fianna), Rik Dias e Marcus Disessa (fiddle/voz e whistles na Tunas), além do próprio Navar, que foi uma das primeiras pessoas a tocar uilleann pipes (gaita de fole irlandesa) no Brasil e tem feito trabalhos indeléveis de fomento desse interesse. Ao lado de figuras tão importantes e experientes, músicos iniciantes juntaram-se e puseram-se a tocar com o mesmo nível de animação – é, pois, característico de algumas das melhores sessions irlandesas que os músicos mais experientes e os mais iniciantes toquem lado a lado sem hierarquia e sem sobreposição.


O evento foi uma grande novidade e gerou uma empolgação impressionante mesmo em músicos que já eram velhos de guerra de sessions. Ao longo de 7 horas, músicos chegavam sem parar e acrescentavam as tunes do seu repertório pessoal à roda, sendo sempre acompanhados por outros que, por outras conjunturas, conheciam os mesmos temas. Por 7 horas, a música não parou e há quem afirme categoricamente que nenhuma tune foi repetida. Cordas de violão recém trocadas foram amplamente arrebentadas e tendões exauriram-se de maneiras que beiraram o preocupante – este que vos escreve, por exemplo, precisou fazer uso intensivo de uma tala ortopédica pelas duas semanas que seguiram este evento memorável.


Não apenas músicos, mas dançarinos compareceram também. E, em equivalente nível de intensidade, exauriram-se até a última gota de suor, de tanto aproveitar essa oportunidade única.




OUTRAS OCORRÊNCIAS •


O sucesso da primeira Session Nacional trouxe uma sensação de maior proximidade e coesão entre os instrumentistas que, Brasil afora, dedicam-se a estudar a música tradicional irlandesa – muitos deles solitariamente, posto que são ainda poucas as cidades do Brasil onde se encontram sessions ou bandas que promovam o encontro e confraternização em torno desta paixão. Para muitos desses músicos, a Session Nacional foi, em suas várias “edições”, uma oportunidade única de tocar em uma roda aqueles temas que andavam praticando isoladamente.


Em 2017, Rik Dias, fiddler e vocalista da tradicionalíssima banda paulistana Tunas, organizou a segunda Session Nacional no Partisan’s Pub, em Pinheiros (São Paulo), trazendo uma gama ainda maior de músicos de diversas cidades brasileiras. Músicos da banda carioca Tailten, por exemplo, foram presença marcante nesta session e nas subsequentes, trazendo a sua inquestionável empolgação e energia para a cena.


Em 2018, a Session Nacional ficou a encargo da Comhaltas Brasil e encerrou o primeiro evento Féile, tendo inclusive a participação de músicos irlandeses.


Em 2019, o evento foi organizado coletivamente por uma comunidade de WhatsApp que gravita o tema das sessions de música irlandesa, e aconteceu no Deep Bar 611, na Barra Funda (São Paulo).


DEEP BAR 611



Talvez o mais irlandês dos pubs paulistanos (quiçá brasileiros!), o Deep Bar 611 é um espaço despojado e aconchegante, que não cobra taxa de entrada (como é de se esperar de uma "public house") e serve pints incríveis de cervejas feitas na própria casa pelo seu dono e mestre cervejeiro Fernando Souza – recomendamos fortemente a sua Cirkus Monga, uma stout nitrogenada inspirada na Guinness mas com o sabor fresco recém-saído da fábrica e a personalidade de uma apaixonada cervejaria artesanal independente brasileira.


O Deep Bar tem sido grande parceiro de todas as empreitadas relacionadas à música tradicional irlandesa em São Paulo. Desde 2014 é lá onde ocorre a mais antiga e tradicional session paulistana ainda viva, fundada pelos membros originais da Oran (Mila Maia, Gustavo Lobão e Danny Littwin). Foi graças a essa session, aliás, que nós, editores d’O Pint Diário, nos conhecemos e acabamos nos mudando para Galway. Além dela, o Deep foi também casa do Sarau Celta Da Jovem Guarda Do Irish Paulistano, uma iniciativa de fomento e projeção para bandas iniciantes de Irish, criada pelos músicos da Harmundi.


Em 2019, pouco antes de fechar temporariamente as portas por causa da Pandemia, o Deep Bar foi matéria da Folha De São Paulo, em que o colunista Otavio Valle destaca as cervejas do bar, sua gastronomia e o espaço que tradicionalmente abre para a cena da música irlandesa.



• KEVIN SHORTALL •


Em 2022, a Session Nacional está sendo encabeçada pelo nosso amigo Kevin Shortall, uma assumidade no violão, banjo e bouzouki irlandeses, membro das bandas Café Irlanda e Clube dos Fenianos. Ao lado dele estão Bárbara Gonçalves (atual hostess das sessions paulistanas no Deep Bar), O Pint Diário (auxiliando na divulgação e informação), assim como membros anônimos de uma comunidade virtual sobre música irlandesa no Brasil. Trocamos uma idéia rápida com o Kevin, que nos esclarece pontos fundamentais para fruição e participação deste evento.




PINT – Kevin, como você apresentaria/descreveria este evento, nas suas próprias palavras, pensando não só em músicos já conhecedores do trad, mas principalmente em quem conhece muito pouco e está começando a se aventurar por esse universo?


KEVIN – A primeira coisa que eu diria a quem conhece pouco e quer conhecer mais é: SÓ VEM! Um dos lados mais bonitos da música irlandesa é o aspecto social, ou como diz o ditado irlandês, "aqui não há estranhos, apenas amigos que ainda não se conhecem" (que aliás é o nome do excelente documentário do meu entrevistador). E musicalmente é um evento muito receptivo a todos os níveis de experiência, da pessoa que toca música irlandesa há décadas à pessoa que está arranhando as primeiras notas na tin whistle. Todos são bem-vindos, o importante é participar.


PINT – Tem que pagar alguma coisa? Alguém recebe alguma coisa? É um evento com algum tipo de fim lucrativo?


KEVIN – Só paga o que for beber ou comer! Entrada franca! Ninguém recebe nenhum cachê, os presentes estarão lá apenas porque gostam de música irlandesa e para encontrar velhos amigos e fazer novos amigos. Se você der sorte algum ouvinte talvez te pague uma bebida…


PINT – Que dicas você daria para quem quer viajar a São Paulo para assistir ou tocar junto? Quero dizer, em termos de hospedagem, por exemplo, e organização em geral?


KEVIN – Agora que já conseguimos definir a data e o local, a organização do evento vai correr atrás de tentar fechar uma parceria com algum hostel próximo, talvez com algum desconto para quem vier para o evento. Fiquem ligados para mais novidades, anunciaremos assim que tivermos alguma!


PINT – Para quem quer participar – e, talvez, nunca tenha estado numa session – é só chegar, sentar, e sair tocando? Existem diretrizes a serem seguidas, expectativas a serem cumpridas?


KEVIN – Bom, minha primeira recomendação para quem nunca participou de uma session seria cumprimentar a todos já sentados na mesa… Minha segunda recomendação seria tentar aprender pelo menos uma tune do início ao fim, e aí quando houver uma pausa na música você pode puxar a sua tune. Normalmente tocamos cada tune três vezes, e aí emendamos em outra tune do mesmo ritmo e andamento, mas se você só souber tocar uma também não tem problema. O mais importante é tocar.


PINT – Tenho pouco mais de 1 mês para dar um gás no meu repertório de tunes – como escolher as tunes certas para tirar e praticar? Com milhares de tunes por aí, existe uma lista em algum lugar, ou algum tipo de bom senso que norteie a escolha?


KEVIN – Recebemos a excelente sugestão de tentar levantar tunes que são comuns em diferentes regiões do Brasil, e se tudo der certo, vamos publicar essas listas em breve (inclusive n'O Pint Diário). Mas por enquanto segue aqui essa pequena lista de tunes bem comuns:


Banish Misfortune (jig - D mixolídio)

Banshee (reel - G)

Blarney Pilgrim (jig - G)

Boys Of Malin (reel - A)

The Butterfly (slip jig - Em)

Cooley's (reel Em)

Drowsy Maggie (reel Em)

Maid Of Mt. Cisco (reel A dórico)

Earl's Chair (reel - Bm)

Farewell to Whalley Range (slip jig - F#m)

Gravelwalk (reel - A dórico)

Inisheer (valsa - G)

John Ryan's (polka - D)

Kesh (jig - G)

Kid On The Mountain (slip jig - Em)

King Of The Fairies (hornpipe - E dórico)

Morrison's (jig - E dórico)

Musical Priest (reel - Bm)

Si Beag Si Mor (valsa - D)

Silver Spear (reel - D)

Swallowtail (jig - E dórico)




AQUI NÃO HÁ ESTRANHOS, APENAS AMIGOS QUE AINDA NÃO SE CONHECEM


Em 2018, finalizei um documentário que realizei independentemente, trabalhando por mais de um ano – um retrato da cena Irish, naquele momento, em São Paulo e Rio de Janeiro. O documentário tem imagens e relatos apaixonados sobre as duas primeiras Sessions Nacionais. Fica abaixo o filme (média metragem) na íntegra para aproveito dos nossos leitores:








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